O conhecimento adquirido durante as aºÁes de resgate e monitoramento arqueológico realizadas nas obras
de implantação e pavimentação da BR-285/RS/SC, entre São José dos Ausentes (RS) e Timbé do Sul
(SC), vem sendo compartilhado com a comunidade escolar por meio do Programa Integrado de Educação
Patrimonial. Entre os dias 23 e 28 de junho, a equipe de Gestão Ambiental contratada pelo Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT/SC) promoveu atividades teóricas e príticas com alunos
do 1o e 2o anos da Escola de Ensino Bísico Timbé do Sul.
Em um primeiro momento, a arque│loga Mariana AraÚjo Neumann apresentou aos estudantes os conceitos
e significados dos temas trabalhados. Ela explicou que Patrimônio cultural súo todas as expressÁes,
materiais ou imateriais, que contam a história de um grupo. Jí o papel da arqueologia, completou, ® revelar
o passado da humanidade antes mesmo do registro escrito. ôContamos a histáória atraváés das coisas
deixadas para tráís, resumiu. No caso do Sátio Arthur Piassoli, localizado em uma áírea por onde passaráí a
rodovia, em Timbé do Sul, foram encontradas peças manipuladas por sociedades ind¡genas pr®-coloniais.
ôSção materiais de pedra lascada e polida, denominados de artefatos láticos, utilizados por caçadores-
coletores na exploração dos recursos da floresta, afirmou.
A segunda parte da atividade consistiu em uma sa¡da de campo para trilha do Portal do Palmiro, no interior
do munic¡pio, onde gravuras rupestres indicam a presença de civilizaºÁes humanas muito antigas na regiúo.
O grupo passou pela Cachoeira do Escorpiúo, local em que a equipe também registrou a presença de
artefatos l¡ticos, at® chegar a atração principal: a caverna conhecida como Toca do Tatu. A furna composta
por dois tÚneis quase paralelos recebeu esse nome por tratar-se de uma paleotoca, abrigo escavado por
mam¡feros gigantes (como o tatu e a preguiça) que foram extintos hí cerca de 10 mil anos. No interior da
caverna os alunos visualizaram diferentes grafismos rupestres, que súo imagens gravadas em incisÁes na
pr│pria rocha, e foram desafiados a imaginar como estas pessoas viviam.
Conforme Mariana, a datação do registro ainda á® desconhecida. ôáÔÇ? um sátio bastante diferente do que a
gente conhece para gravura rupestre, mesmo para o estado de Santa Catarina, o que dificulta a associação
a um grupo áétnico conhecido ou a determinação da cronologia. Por nção ter sido escavado, ela ressalta que
o local deve ser preservado. ôQuando alguáém sabe que estáí num sátio arqueoláógico, o que significa que
pessoas do passado moraram ali, núo se deve tirar nada do lugar. Um m¡nimo detalhe pode
descontextualizar a interpretação, explica.
Projeto prev¬ o lançamento de uma publicação
O conhecimento da equipe serí agregado ás atividades do projeto Ensino Médio Inovador, o qual ®
desenvolvido no turno inverso das aulas e com foco na pesquisa das potencialidades de Timbá® do Sul. ôA
escola recebeu muito bem a nossa ideia de propor uma pesquisa sobre o Patrimônio arqueol│gico do
munic¡pio. Acompanharemos a produção dos relatórios dos alunos e a ideia ® criar uma publicação que d¬
suporte para os professores trabalharem os temas de arqueologia e pr®-história como preparação para
visita áá trilha, adianta Mariana.
A professora de Histáória Selma Barbosa Wolff destaca os benefácios da parceria. ?ôOs alunos puderam ter
a práítica daquilo que eles antes sá? viam nos livros, afirmou. A educadora avalia ainda que o projeto oferece
novas perspectivas de reconhecimento Histórico. ?ôO livro didáítico tem a histáória do europeu. Mas isso aqui
® a nossa história, a história de Timbé do Sul e da sua colonização. Acredito que os alunos estão tendo a
oportunidade de conhecer e recontar o passado do município e da vida deles.