Publicada em 23 de Dezembro de 2016

Início das obras na BR-285/RS/SC foca nos cuidados com a fauna e a flora

A remoção da cobertura vegetal é a primeira etapa para a execução de uma rodovia, exigindo do
empreendedor a adoção de uma série de medidas mitigadoras dos impactos ambientais previstas no
processo de licenciamento. Nas obras de implantação e pavimentação da BR-285/RS/SC, a equipe de
Gestão Ambiental (STE S.A.) contratada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(DNIT) supervisiona as ações realizadas pelo consórcio responsável pelo Lote 2, situado em Timbé do
Sul/SC. Já no Lote 1, em São José dos Ausentes/RS, as obras estão paralisadas e aguardam nova licitação
para a retomada das atividades. O licenciamento ambiental do empreendimento é conduzido pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

Antes mesmo do avanço das frentes de supressão, é preciso cumprir os objetivos do Programa de
Aproveitamento Científico da Vegetação da Área Afetada pelo Empreendimento. A estratégia consiste no
resgate de recursos genéticos (frutos, sementes, mudas, entre outros) para futuro plantio nas áreas do
entorno, buscando assim a manutenção e a conservação da flora nativa. Neste meio tempo os exemplares
são mantidos em um viveiro de 450 m2 instalado no canteiro de obras. Conforme explica o coordenador da
Supervisão Ambiental, Augusto Leipnitz, o objetivo é garantir que as características genéticas locais sejam
mantidas. “O viveiro permite que as plantas encontradas na serra sejam realocadas e, após a etapa de
terraplenagem, reintroduzidas o mais fielmente possível ao seu ambiente original.”

Também nesta etapa ocorrem os transplantes de espécies arbóreas ameaçadas de extinção. Em novembro
foram transplantados 17 xaxins e 9 palmiteiros, além de um jerivá – espécie de interesse ecológico. Houve
ainda a realocação de epífitas (plantas que vivem sobre outras plantas), sendo 85 orquídeas, 10 bromélias
e 13 gravatás; e de rupícolas (plantas que vivem sobre rochas), sendo 15 siningias, 20 espécimes de
orquídeas e 100 rainhas-do-abismo.

Posteriormente a estas ações, o Programa de Controle de Supressão Vegetal prevê o acompanhamento
das atividades a fim de, entre outros objetivos, orientar os procedimentos de corte, verificar se os trabalhos
estão restritos às áreas delimitadas e tomar medidas de proteção à fauna. Em novembro a equipe do
consórcio vistoriou os segmentos para identificar ninhos e tocas ativas. No mesmo mês houve o
afugentamento de um casal de saracura-sanã, um macho e dois filhotes de pica-pau-anão-de-coleira, um
lagarto teiú e um casal de matracão. Os resgates limitaram-se a uma rã-cachorro, um papa-vento-de-
barriga-lisa e uma jararaca.

Na fase de corte também está previsto o atendimento ao Programa de Controle de Espécies Vegetais
Exóticas, que consiste no controle e erradicação de plantas com potencial invasivo que se encontram na
faixa de domínio da rodovia. Leipnitz explica que, além da supressão destes indivíduos, o solo deve ser
removido e confinado para evitar a proliferação dos mesmos. O procedimento já foi aplicado em um trecho
de 240 metros, na área do contorno de Timbé do Sul, onde havia a presença de pinus. “As medidas destes
Programas Ambientais visam minimizar os impactos à Mata Atlântica, em especial a redução da sua
biodiversidade”, finaliza.