O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT/RS), por meio da
Unidade Local de Vacaria, realizou em agosto/2018 novas prospecºÁes arqueológicas
no Lote 1 das obras de implantação e pavimentação da BR-285/RS/SC, no munic¡pio de
São José dos Ausentes. A sondagem conduzida pela Gestora Ambiental do
empreendimento buscou complementar dados anteriormente levantados e verificar,
em especial, a írea do vale da nascente do rio das Antas, sobre o qual está projetada
uma ponte. As obras no segmento gaÚcho estão paralisadas desde 2014 e aguardam
nova licitação para retomada das atividades construtivas.
Visando a identificação de registros pr®-coloniais na írea localizada na regiúo dos
Campos de Cima da Serra, a equipe optou por criar um modelo preditivo que
orientasse as prospecºÁes. A arqueóloga Mariana Araójo Neumann explica que,
partindo da premissa de que grupos humanos tendem a estabelecer padrÁes de
ocupação ou assentamento, esta metodologia ® capaz de identificar a probabilidade
de resultados futuros com base em dados Históricos. ôPor meio da observação da
relação entre cultura, recursos dispon¡veis no ambiente e paisagem, define-se um
padrção que favorece a localização de sátios arqueoláógicos especáficos, afirma.
As atividades de prospecção foram concentradas no entorno do eixo da rodovia, com
distóncia míxima de 500 metros para cada lado. A equipe buscou observar na
paisagem vest¡gios culturais das populaºÁes Proto-J¬ Meridionais, cuja presença no
planalto sul brasileiro inclui a regiúo de São José dos Ausentes. A ocupação destes
grupos, conforme Mariana, se deu por meio de engenharias de terra, como as
estruturas subterróneas e anelares, e da cultura material l¡tica e cerómica. Todas as
íreas de alta e média probabilidades foram prospectadas por caminhamento -
dispensando a necessidade de escavaºÁes - e nenhum s¡tio pr®-colonial foi
encontrado. œO trecho que atravessa o vale da nascente do rio das Antas, repleto de
cachoeiras e paredÁes rochosos expostos, também foi vistoriado em busca, por
exemplo, de pinturas ou inscriºÁes rupestres. Nenhum vest¡gio deste tipo foi
observado, acrescenta.
De acordo com a arque│loga, a atividade forneceu novos dados acerca do Patrimônio
arqueológico regional, destacadamente acerca dos padrÁes de assentamento J¬ pr®-
coloniais, permitindo confirmar a inexist¬ncia de bens arqueológicos em superf¡cie e
subsuperfácie nas áíreas prospectadas, vistoriadas e monitoradas. ?ôEstes dados sção
relevantes e permitirúo, durante o desenvolvimento do projeto, tecer consideraºÁes
acerca dos padrÁes de assentamento humano nos diferentes per¡odos históricos e
culturais documentados, finaliza. Vale salientar que as pesquisas arqueoláógicas na
BR-285/RS/SC súo uma das condicionantes do licenciamento ambiental conduzido pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovíveis (Ibama) e
t¬m a anu¬ncia do Instituto do Patrimônio histórico e Art¡stico Nacional (IPHAN).