Publicada em 22 de Julho de 2021

Organismos bentônicos são indicadores de qualidade ambiental

A utilização de indicadores biológicos é um dos métodos mais eficazes para
diagnosticar a qualidade dos recursos hídricos. Nas obras de implantação e
pavimentação da BR-285/RS/SC, o Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (DNIT), por meio da Gestora Ambiental, monitora os macroinvertebrados
bentônicos visando identificar possíveis impactos do empreendimento nos ambientes
aquáticos. Estes organismos, cujo nome deriva da palavra grega benthos
(profundidade) habitam o fundo de rios, lagos e demais corpos d’água, aderidos a
pedras e folhas ou enterrados no sedimento.

A nomenclatura antecedida pela palavra “macro” é utilizada para definir os
invertebrados que são retidos em redes de malhas de 0,5 milímetros. Embora
pequenos, são visíveis a olho nu. Estes organismos pertencem a diferentes grupos,
incluindo insetos, anelídeos, crustáceos e moluscos, muitos dos quais são encontrados
na água na sua forma juvenil, emergindo mais tarde dos cursos hídricos para colonizar
o ambiente terrestre. Sua biologia e comportamento de vida bem definido pela ciência
é o que possibilita a utilização em programas de biomonitoramento, incluindo o
conhecimento sobre a sensibilidade e/ou tolerância específica de cada grupo. Além
disso, a comunidade bentônica ocupa posição vital na cadeia alimentar, podendo ser
usada para fazer estimativas da saúde do ecossistema.

Nas obras do Lote 2, em Timbé do Sul (SC), a equipe monitora 15 pontos nos rios Serra
Velha, Seco, Rocinha, Timbé e Molha Coco. A metodologia utilizada consiste em
posicionar um coletor de malha contra a correnteza, revolvendo o sedimento com o
auxílio das mãos e desprendendo os organismos para que eles sejam levados em
direção ao interior da rede. Após a etapa de campo, são realizadas as análises de
triagem e identificação dos organismos e, posteriormente, as estatísticas em
laboratório.

Ao longo de 19 campanhas, as quais ocorrem trimestralmente, a equipe analisou mais
de 40 mil organismos distribuídos entre 53 famílias. Os potenciais impactos aos
macroinvertebrados bentônicos associados às obras na rodovia estão relacionados à
movimentação de solos e à remoção da vegetação, atividades que podem provocar o
assoreamento dos rios e a modificação dos sedimentos dos seus leitos como
consequência do aumento da velocidade da água. De acordo com a ecóloga e
consultora da Gestão Ambiental, Caroline Voser, os ambientes amostrados
apresentam estabilidade e, com a diminuição das atividades construtivas, observou-se
um aumento em sua abundância (quantidade de organismos) e riqueza (número de
espécies).

Tal resultado indica que a fauna bentônica é resiliente, ou seja, forte o bastante para
suportar as alterações pontuais e alertar se as medidas mitigadoras adotadas - como
as ações para prevenir e conter os processos erosivos - estão sendo eficazes.